Há casais assim; perdidos no esquecimento do eros;
devem andar abafados em problemas de trabalho, intrigas de bastidores, contas da água e da luz, preocupados com o sinal da TV-Cabo (esses malandros chauvinistas, opressores e borbulhentos), quiçá até distraídos e embrenhados nas crónicas semanais dos colunistas dos diários.
quem sabe, devem ser dos que guiam em hora de ponta com uma Visão em cima do volante, a carregar no acelarador e no travão por instinto, sem terem batido uma única vez...
Digo isto não por ter observado ao calhas um qualquer duo de apaixonados adormecidos aí pela rua e tirado as minhas conclusões precipitadas, mas porque os levei mesmo no táxi:
(entram)
Ela: Chega-te mais para mim; está frio!
Ele: Era para o Bairro das Galinheiras...
(passam alguns segundos, em completo silêncio)
Ela: Estás tão quentinho...
(vejo-a a agarrar-se com força ao braço dele, depois a meter uma mão pela perna)
Ele: hã.... desculpe... podia ir mais depressa um bocadinho, se faz favor?
Não posso deixar de achar uma certa graça a estas situações; passam-se várias vezes; fico assim com uma sensação de ser Taxista-Viagra; parece incrível, mas devia haver alguém a estudar estes fenómenos de "urgências nos lugares e momentos mais inoportunos"; vá-se lá perceber o que estimula o nosso cérebro tão complicado... O que é bom nisto é que saem com tanta pressa que quase sempre deixam o troco todo como gorjeta.
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