quinta-feira, novembro 18, 2004

sobre os presentes de Natal

Entra mãe e filha.
A rapariga deve andar pelos doze anos.
A mãe arruma a agenda.
A pequena miúda vai desfolhando não o último catálogo da Toys R’ Us, mas sim o novo catálogo da IKEA.

-Mãe!
-Sim...
-Dás-me um guarda-fatos e esta cama p’ró Natal!?


(Pausa mental)

...confesso que fico baralhada;
porque não sei, ainda hoje, o que a minha mãe acharia mais estranho: se isto, se eu lhe ter pedido uma bola de futebol quando tinha 9 anos.

sexta-feira, novembro 12, 2004

Sobre o casamento

Ela entrou, de revistas na mão, sorriso semi-escondido, dedos ginastas a desfolhar aquilo tudo. Pelo caminho até às Amoreiras aproveitei para dar também uma espreitadela a alguns vestidos de noiva. Resolvi entrar com ela:

-É para o ano que vem?
-É! (agora sim, um sorriso desses que não se apagam)
-Não se esqueça da peça azul...
-Obrigada. Eles na loja oferecem a liga.
-E já tem uma coisa emprestada?
-Oh, já... dinheiro.

quarta-feira, novembro 03, 2004

Não peça desculpa - exija!

Passo pelo Saldanha e uma senhora entra-me pelo táxi esbaforida:

-Desculpe, a senhora importava-se de me levar até à estação de Entrecampos!? É que senão eu perco o comboio e...

Mas o que será que leva a nossa cultura a pedir desculpa por tudo e mais alguma coisa? Por mais curto que seja o percurso, é trabalho, é para ser feito. Ou por acaso o ‘caixa’ que está no Banco só se digna a dar dinheiro aos clientes que ali vão levantar de 4000 euros para cima!?

My name is Stone... Joss Stone.

O nome não digo, mas a voz não me importava.


(raio de algumas miúdas que já nascem com o rabo virado p’ra lua...)