Há pessoas que não conhecemos mas às quais nos habituamos a ver; ali estão elas, todos os dias, no café, ou numa paragem, tal como aquela música que pelos destinos transviados do acaso acabamos por ouvir sempre nas mesmas circunstâncias.
Vemos esses rostos que se tornam familiares sem alguma vez tentarmos uma aproximação. Como se temêssemos que a bolha de cristal que envolve esta 'relação' se partisse. Tornam-se, assim, nossos conhecidos. Tomam o café connosco. Passam pelo mesmo quiosque. Compram revistas parecidas. Lêem jornais diferentes...
E depois, um dia, torna-se tão curiosa essa passagem pelos mesmos sítios sem ver os nossos rostos; tão solitária; despojada de sentido; como se a tal música que sempre ouvimos à mesma hora e no mesmo lugar desta vez viesse não em inglês, mas sim num remix barato, em húngaro ou japonês.
Há quem explique isto.
Eu contento-me em senti-lo e com isso sentir-me dolorosamente humana.
A perda e a ausência.
Serão, talvez, o que melhor nos pressionam para sermos homens e mulheres deste mundo.
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