Pudesse eu todos os dias ser chamada a ir buscar alguém a 20 km de distância. Pudesse eu todos os dias sair da cidade com o rádio a sonorizar-me a vista do rio, da ponte, o frio gélido à distância impenetrável de dois milímetros de vidro. Pudesse eu prolongar esses minutos por horas, como se lá fora os minutos fossem meros minutos mas cá dentro corressem dias a fio do meu recolhimento.
Poderemos um dia dizer "não quero", "não posso", "só me apetece é...", e mais do que isso, mais do que dizer, passar do ponto morto à primeira mudança e arrancar na direcção oposta que todos tomam em graves velocidades?
Pudesse eu todos os dias contemplar livremente sem a pressão de um fim anunciado. Mas e daí, quem sabe, talvez nós, seres humanos deste tempo, sem o prenúncio do fim nunca verdadeiramente daremos valor à contemplação...
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