Revejo por uma caixa de mail fotos de gente distante no tempo. Gente que já não via há alguns anos. Poucos. Mas alguns. Rostos que me foram diários. Familiares. Amigos. Colegas. Conhecidos. Até gente chata, muito chata. Ali estão eles todos. Fotos digitais de gente que conheci. Existem ainda. Estão vivos. Têm as suas vidas. Aqui me vêm parar sem pedir licença. E eu clico para vê-los a todos. Quem sabe porquê. Talvez para saber se estou muito mal em relação a eles. Talvez para me sentir melhor. Talvez apenas pela curiosidade que é tanto nossa, feminina. Talvez apenas para ver como a Filipa emagreceu. Como a Carla está mais bonita que nunca, naquele sorriso de mãe. Talvez para ver o João como sempre foi e, pelos vistos, sempre será. Talvez apenas para rever rostos e bustos e barrigas e seios e mãos e sorrisos e perceber como ao fim dos anos nós somos tanto nós como os que conhecemos, hoje como ontem.
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